Leia antes de prosseguir

O que lerão a seguir não é pretensiosamente jornalístico apesar de eu ser formado em jornalismo. São simples recortes cubanos sob o meu olhar curioso, despretensioso quanto a algo educativo, cultural e até mesmo informativo. Por aqui, nada que eu não conte numa mesa de bar, talvez até com mais ênfase, pois os saberes são intercambiados. Portanto, se quiseres criticar o regime cubano, vá a alguma publicação que aceite seus argumentos, pois os comentários aqui serão moderados e não tolerarei disparates com relação à linguagem. Podemos até fazer algum debate sobre, mas reservo a mim o poder de decisão sobre publicar ou não algo que considere ofensivo a mim ou a qualquer outro item não listado aqui. Desculpem o ocasional baianês, mas é o meu jeito de escrever. Desculpem também a falta de linearidade. Como disse, não há pretensões extensas com a publicação desses recortes que não seja a da simples leitura de quem se interessar. Não quero criar discussões acerca do socialismo comparado ao capitalismo, liberdade de imprensa, liberdades individuais e outros argumentos que não nos levam a lugar algum.

30/05/2012

Jineteras

Se tem algo que todos os governos devem ficar doidos para resolverem, mas nunca conseguem é o turismo sexual embalado pelas ofertas da prostituição. Em Cuba não é diferente e não foi difícil encontrar jineteras em todos os lugares que eu ia. Até mesmo jineteros que ofereciam jineteras. Hay blancas, negras, ofereciam.


JINETERA é o jeito carinhoso que o cubano chama o que aqui nomeamos como quenga, puta, vagabunda, vadia, prostituta, galinha, piranha, meretriz, rameira, vaca, cortesã, licenciosa, mulher da vida, garota de programa, pêga, biscate, roda-bolsinha, lafranha, maria-do-cais, messalina, michê, tamanqueira, safada, mulher de vida fácil, putana, puteira, mulher perdida, safada, ordinária, descarada, desavergonhada...

Havia sempre uma conversa fiada de que o preço era atrativo e que as mulheres ficariam comigo o tempo que fosse necessário. Já vacinado pelo Airton Ortiz, saía pela tangente sempre alegando estar acompanhado da esposa para evitar desgastes de negociação.

Num desses dias, já voltava ao hotel depois de andar quilômetros em uma gira por La Habana e me bati com uma jinetera ainda no lobby. Ela lambeu os beiços, disse que eu pedisse o que eu quisesse e que a convidasse para meu quarto. Aquela bela morena de seios e coxas fartas encaixada num minúsculo vestido jeans deve ter se perguntado depois por que um hóspede com cara de cubano e visíveis cabelos brancos misturados aos negros faria pergunta tão idiota: ¿Qué hacer en mi habitación?

Hacer amor, ela respondeu!

A negativa foi instantânea. Aleguei a companhia da esposa para não dar mais conversa e subi para o quarto. Independente da fidelidade, eu não buscava aquilo em Havana. Abri uma Bucanero 100% Cubana, e acendi um Cohiba comprado horas antes. Foi aproximadamente 40 minutos degustando duas maravilhas cubanas. Lembre-se que falo da cerveja e do charuto. Fiquei sentado olhando para o mar do Golfo do México e a meia-lua, tentando entender a necessidade de um estrangeiro em explorar sexualmente uma nativa como uma simples satisfação ao ego machista.

Alguns amigos, com certeza, ao começarem a ler esse texto, pularam pro final pra saber se eu comi a jinetera.

Mas, essa não foi a única experiência com uma puta cubana. Enquanto acessava a internet, duas tentavam chamar minha atenção conversando alto e gesticulando em minha direção. Quando saí, fui abordado, mas continuei saindo pela tangente. Havia outras três belíssimas em roupas minúsculas que se ofereceram, mas o armário da segurança reclamou.

Saí. Assim que pus o corpo para fora da quadra do hotel outra me abordou. Descartei. Era robusta, esbelta, branca, de tetas grandes e rabo de cavalo no cabelo cacheado. Eu queria ver o Son no Malecón. Eram meus últimos momentos em Havana e eu queria guardar mais lembranças boas na memória.

Anita se aproximou novamente e decidi dar-lhe atenção. Queria informações, saber um pouco mais sobre sua vida. Me cobrou 5 CUC e ainda paguei um refresco Tu-Kola para ela abrir o bico. Falou sobre a corrupção de policiais (prostituição é proibida – hum, sei...), que cobrava 50 CUC por programa e que sairia mais caro se alguém a levasse ao quarto do hotel, pois deveria pagar algo em torno de mais 30 CUC ao armário da segurança para que ele liberasse o acesso dela.

Todo mundo gosta de dinheiro.

Enquanto conversava com Anita, vi outras jineteras caçando seus clientes. Algumas já punhetavam os gringos ali mesmo na praça, aproveitando a penumbra, e depois andavam juntos. Ela, a jinetera, agarrada ao braço do estrangeiro indo em direção a, provavelmente, alguma casa particular que serviria de motel. Por quanto tempo o gringo precisasse...

Fui Santos, um policial brasileiro para ela. Ela foi Anita para mim. Fui diversas coisas para conseguir informações. Quase nunca era jornalista. Poucas vezes. Menti e ela também, com certeza. Despedi-me e ela me desejou boa viagem. Subi pro quarto para arrumar o pouco que faltava arrumar e dormir um pouco até metade da madrugada. Ainda vi o Corinthians se classificar para as semifinais da Taça Libertadores da América enquanto já dava os primeiros tons desse mero rascunho de texto

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