Leia antes de prosseguir

O que lerão a seguir não é pretensiosamente jornalístico apesar de eu ser formado em jornalismo. São simples recortes cubanos sob o meu olhar curioso, despretensioso quanto a algo educativo, cultural e até mesmo informativo. Por aqui, nada que eu não conte numa mesa de bar, talvez até com mais ênfase, pois os saberes são intercambiados. Portanto, se quiseres criticar o regime cubano, vá a alguma publicação que aceite seus argumentos, pois os comentários aqui serão moderados e não tolerarei disparates com relação à linguagem. Podemos até fazer algum debate sobre, mas reservo a mim o poder de decisão sobre publicar ou não algo que considere ofensivo a mim ou a qualquer outro item não listado aqui. Desculpem o ocasional baianês, mas é o meu jeito de escrever. Desculpem também a falta de linearidade. Como disse, não há pretensões extensas com a publicação desses recortes que não seja a da simples leitura de quem se interessar. Não quero criar discussões acerca do socialismo comparado ao capitalismo, liberdade de imprensa, liberdades individuais e outros argumentos que não nos levam a lugar algum.

30/05/2012

Violência

Boa noite!
Boa noite!
Você tem horas?
Não.
Não é cubano?
Não!

De onde você é?
Brasil.
Por que tem tanta violência lá?
Falta de educação, interesses, dinheiro... como em qualquer lugar do mundo.
Mas, aqui não tem.


Cenário: Minha cara de bunda, minha falta de argumentos e o olhar curioso do jovem cubano em frente a um posto de gasolina na minha última noite em Havana.

Se quiser se juntar a nós, fique à vontade.
Não, obrigado! Vou embora na madrugada, preciso descansar um pouco.
Não gostou de Havana?
Muito pelo contrário.
Então junte-se a nós. Pode ficar tranqüilo. Conte-nos sobre o futebol de vocês.
Vocês gostam do nosso futebol, né?
Muito!

Que bom que ele falou em futebol. Não me juntei ao moreno cubano de cabelo “a La Neymar” e seu grupo, mas fiquei feliz pelos cubanos serem tão orgulhosos quanto aos seus valores. Agradeci o convite e disse que numa volta à cidade ficaria no Vedado novamente, ali, pertinho do Malecon, na praça em frente ao Habana Riviera.

Escrevendo esse texto, me recordo de um certo dia estar na recepção do hotel para comprar tarjetas de internet quando percebi a presença de um rapaz jovem, desconfiado, com uma mala nas mãos. Acabara de adquirir uma hora de internet e ocupara o único PC vazio. Voltei ao quarto e horas depois, quando fui acessar, ele já não estava mais. Reencontrei o jovem na fila do check-in no Aeroporto Jose Martí. Ele depois de mim. Fizemos check-in lado a lado e ele se assustou quando o agente de aeroporto me explicou os bilhetes, informando o segundo voo para São Paulo. Até aí, nenhum contato maior.

Já no Aeroporto de Tocumen, Panamá, enquanto eu esperava a conexão para São Paulo e andava entre as várias lojas de Duty Free, eis que o cidadão emparelhou seus passos com os meus e me perguntou se eu era brasileiro. Respondi-lhe e ele, com olhos cheios d’água, me explicou que quando tinha 11 anos, em 2004, não tinha paz em seu país natal, o Haiti. Porém, a seleção brasileira de futebol foi lá e levou a paz que ele tanto queria. Me deu um abraço e agradeceu por encontrar outro brasileiro, mesmo que seja numa época tão diferente dos piores momentos... Graças a Deus!

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