Bom, perguntei-lhe como não conseguia entender uma vez que tinha tanta informação. É porque eu sei que pessoas ruins cuidam do país e os poderes estão centralizados entre os mais ricos. Esses vão ficando cada vez mais ricos, enquanto as necessidades básicas se esvaem e o povo, real mantenedor das estruturas sociais, fica à margem da sociedade, elegendo inescrupulosos e escolhendo criminalidades diversas para terem poder de consumo e isso nós não queremos aqui. Não estamos acostumados a isso. Por isso, não entendo a distribuição errada da renda e a fartura de superfluidades em detrimento de uma vida mais saudável, honesta e justa, disse-me em português, o qual havia aprendido a falar com os filmes, livros e telenovelas.
Me senti envergonhado. Mas, que tal reproduzir o que muitos brasileiros (intelectuais até) dizem sobre a liberdade de imprensa? Ah, eles tem o Juventud Rebelde e o Granma que são aliados ao governo e, logicamente, produzirão e reproduzirão notícias que cabem ao poder. Mas, se com tanta informação sobre o Brasil ela largasse o doce sobre mim e falasse da Veja ou da Globo? Se ela citasse o caso da Escola Parque ou da edição do discurso do Lula em 89? Ou se ela falasse de uma certa exclusão da lista dos mais vendidos do livro “Privataria Tucana”, que mostra a omissão da nossa famigerada “liberdade de empresa”? Deixei quieto...
Prometi que manteria contato com ela e que enviaria alguns filmes brasileiros os quais ela não teve oportunidade de assistir, como “Estômago” e “Ó Pai, Ó”. Teria eu algum argumento para, pelo menos, balancear o papo? Saí pela tangente, pedi um sorvete de Naranja/Piña, sentei-me em frente à piscina e pus-me a refletir sobre a minha real condição de brasileiro no Brasil e minha condição de brasileiro em Cuba. Realidades...
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